UM ESPAÇO - MEMÓRIA DE UM OFÍCIO SECULAR


No início do século XVI, instalaram-se nesta Rua Nova, 12 oficinas de ferreiro, onde desenvolviam a sua actividade vários artífices judeus, que haviam sido expulsos de Espanha e entretanto convertidos forçosamente ao cristianismo, passando a ser conhecidos por Cristãos Novos.

Nos anos cinquenta do século XX, nesta rua ainda existiam cinco oficinas a funcionar, entre elas, a da família Tapadejo agora, Oficina-Museu. O último artífice desta oficina foi o Mestre Carolino Tapadejo que a ocupou e lhe conferiu «alma» entre 1945 e 2001. Neste período formou quase meia centena de aprendizes. A mestria com que trabalhava o ferro, desde as formas arcaicas até à mais modernas técnicas de moldar aquele nobre metal, mestre Carolino que recebera das mãos do de seu pai, João Tapadejo, cedo se distinguiu e se tornou conhecido em muitos países do mundo para onde enviava autenticas peças de arte que desenhava e produzia.

Da Alemanha ao Japão, da França aos Estados Unidos, passando por muitos outros países, viajaram muitos dos seus trabalhos. Na oficina e em sua casa, recebia muitas centenas de pessoas de várias nacionalidades, a quem mostrava os trabalhos em ferro com que ia mobilando a sua sala de visitas.

Para perpetuar a memória de Mestre Carolino e de todos os que ao longo dos séculos (quantas vezes em condições terríveis de sobrevivência), se dedicaram a trabalhar o ferro, os seus filhos, Carolino, Mateus e José Alberto, estabeleceram uma parceria com a Junta de Freguesia de São João Baptista (proprietária do imóvel), com vista à criação de uma Oficina-Museu, disponibilizando todo o espólio, para que conterrâneos e forasteiros possam desfrutar de ferramentas e outros objectos, alguns dos quais com mais de 500 anos de idade. Também será possível, em determinadas condições, assistir-se a algumas demonstrações, nomeadamente de trabalhos à forja.

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